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PD0165

Aquário
Autor: Desconhecido
Centro de Fabrico: China
Data: Século XVIII (Dinastia Qing, período de Qianlong)
Material: Porcelana
Dimensões (cm): Alt. 41,5; Ø 63,5
N.º de Inventário: PD0165

Aquário de grande envergadura com pegas em forma de cabeça de leão budista, douradas mate, sem as respetivas argolas.

Foi executado em porcelana branca, pintado com esmaltes policromos sobre um vidrado espesso e brilhante. Predominam as cores vermelho ferro, rosa, laranja e azul, nos elementos florais de maior expressão. Os desenhos são detalhados a ouro, com repintura posterior à execução.

Está decorado com seis reservas em forma de folha recortada, brancas, contendo três pequenos ramos floridos de crisântemos e peónias em azul e vermelho ferro, alternadas com corolas de crisântemos. O fundo é pintado em dois tons de esmalte azul com traços ondeados paralelos castanhos e nuvens azuis, limitado por um traço verde perfilado a negro.

O interior do aquário está preenchido por carpas de vários tamanhos, nadando entre flores e algas, pintadas em tons de laranja, rosa e cinza.

Esta tipologia de peças decorativas é caraterizada pelas suas grandes dimensões, naturalmente de difícil execução, e por uma decoração cuidada. Foram largamente apreciadas na Europa em geral e em Portugal em particular, onde se conhecem vários pares. Na Europa, estes aquários fariam certamente parte da decoração dos espaços de vivência privados, mas desconhece-se ainda o seu modo de uso, ao contrário dos seus congéneres na China, onde eram recorrentemente usados como aquários para decoração de salas.

“A Flora nas coleções do Paço”
«A vasta família Paeoniaceae distribui-se por todas as regiões temperadas do Hemisfério Norte. Na Europa, as espécies mais difundidas são as formas arbustivas, a feminina Paeonia officinalis (L.) e a masculina Paeonia mascula (L.), as quais, quando juntas, hibridizam e produzem várias subespécies e espécies aparentadas.
[…]
[A]s referências mitológicas à planta estão sempre associadas à medicina e à cura. O seu nome deriva de Paeon, um estudante do deus da medicina, Asclépio que, a pedido de Leto, mãe de Apolo e deusa da fertilidade, foi buscar uma raiz mágica que crescia no Monte Olimpo para aliviar as dores do parto. Despeitado, Asclépio tentou matar o seu pupilo, mas Zeus salvou-o, transformando-o na flor de peónia. As sementes eram efetivamente usadas pelas grávidas durante a Antiguidade clássica. Atualmente, a sua ação analgésica e espasmolítica tem vindo a ser comprovada e estuda-se o potencial farmacológico da planta para o alívio da dor.
[…]
Foi em meados do século XVII, na China, que outras espécies de peónias despertaram a curiosidade da Europa. Um relato de Jean Nieuhof, da Companhia Holandesa das Índias Orientais, descreve uma flor chamada a rainha das flores que crescia na Província de Sichuan. Similar a uma rosa, mas maior e mais bela, sem fragrância e sem espinhos, de folhas prostradas, branca ou purpúrea, às vezes também amarela ou cor-de-rosa, era plantada como árvore e protegida em todos os jardins que pertenciam ao imperador.
[…]
[N]a decoração da porcelana chinesa é a peónia mudan que é mais representada, precisamente pela sua grande valorização simbólica ao ser associada à glória imperial, à fortuna e à honra.
[…]
[Neste aquário] estão representadas as peónias em combinação com flores de macieiras selvagens e de magnólias brancas, que no conjunto dos nomes das flores, na sua relação homófona com substantivos auspiciosos, expressam o desejo “Que os teus tesouros encham o salão de jade” (yùtáng fùguì).

Por florescerem durante o terceiro mês do calendário lunar, as peónias são a representação da primavera.»
Sasha Assis Lima