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PD0299

Pote (Família Rosa)
Autor: Desconhecido
Centro de Fabrico: Fornos de Jingdezhen, China
Data: c.1740 (Dinastia Qing, período de Qianlong)
Material: Porcelana
Dimensões (cm): Alt. 63,8; Ø 36,9
N.º de Inventário: PD0300

Pote executado em porcelana revestida de “azul soprado” sobre o vidrado. O fundo azul é decorado a ouro, com o padrão de “gelo estalado” e corolas de flor de ameixieira, com uma grega.

No corpo destacam-se três grandes reservas em forma de folha recortada e polibobada, contornadas por traços verdes e vermelho ferro, pintadas naturalisticamente com esmaltes da “família rosa”, suaves, com três paisagens figurativas, alusivas ao tema da longevidade.

As reservas são separadas por seis outras mais pequenas, de oito lóbulos, pintadas com ramos floridos de peónias multicolores. A tampa é decorada com três pequenas reservas preenchidas com borboletas a esvoaçar entre ramos floridos de peónias, similares às do pote.

Na sua decoração estão representadas personagens femininas, sendo recorrente esta representação no período de Yongzheng. Vivências do quotidiano, no exterior ou interior, estas cenas são frequentemente portadoras de uma mensagem simbólica de vínculo religioso ou simplesmente copiadas de ilustrações de histórias populares à época.

Neste caso em concreto, a temática da longevidade está expressa através da presença constante do cogumelo sagrado da imortalidade e do gamo (único animal capaz de o encontrar), da flor de lótus, que para além de ser símbolo de pureza é também ela um dos atributos da jovem He Xiangu, do conjunto sagrado dos Imortais, aliados à garça ou ao grou, pinheiros, ameixieiras e rochedos, todos estes simbolizando longevidade e durabilidade. O búfalo pintado numa das cenas reforça a ideia da força aliada à prosperidade e tranquilidade de vida ideal, de acordo com as religiões Taoista e Budista.

“A Música nas coleções do Paço”
Neste objeto uma das mulheres aparenta ter «um leque e a outra segur[a] na mão esquerda um instrumento em forma de guitarra. A mão direita tem um objeto que, no contexto, se poderá interpretar como um plectro a que hoje se chamaria «palheta» ou seja: uma pequena lâmina de um material duro (osso, marfim ou plástico) com que se fazem vibrar as cordas.

Tendo sido o pote produzido no século XVIII, a configuração da guitarra não obedece a nenhum padrão dos instrumentos utilizados na época. O instrumento musical chinês mais parecido com os cordofones ocidentais é a Pipa, com uma forma peróide, semelhante à dos alaúdes. Como neste período, a indústria da porcelana chinesa fabricava especialmente para exportação, pode entender‐se que os decoradores recorressem também a imagens utilizadas no ocidente. O formato da guitarra remete um pouco para as guitarras latinas medievais parecida com as que aparecem nas Cantigas de Santa Maria. Dentro da temática decorativa do pote – cenas do quotidiano – a imagem musical dá relevo à importância da música nesse mesmo quotidiano.»
Eduardo Magalhães