Jarrão Sentinela
Autor: Desconhecido
Centro de Fabrico: Fornos de Jingdezhen, China
Data: c.1690 (Dinastia Qing, período Kangxi)
Material: Porcelana
Dimensões (cm): Alt. 102; Ø 51,5
N.º de Inventário: PD0476
Pote totalmente coberto pela tampa em calote com topo plano e sem pega. Decoração cuidadosamente pintada a azul cobalto sob o vidrado, organizada em quatro registos alternados no corpo da peça, com dois episódios no que parece ser uma sequência narrativa: num dos registos, representa-se aparentemente uma cena bucólica em ambiente palaciano tendo no topo de um edifício de pedra, com características ocidentais, entre duplas torres encimadas por cúpulas e exibindo estandartes franjados, com uma personagem feminina ricamente trajada, fala com outra mais abaixo, que carrega uma criança numa faixa atrás das costas, tendo como fundo, nuvens densas em azul profundo entre vasos e objetos preciosos, do tema “As Cem Antiguidades”. Ao lado esquerdo do edifício, dois painéis pintados, quase justapostos, com cenografias de interiores, no lado direito uma personagem feminina parece espreitar o jardim, onde três senhoras passeiam agitando leques, e junto a estas, duas crianças brincam com uma bola, entre sofisticadas cercas, decoradas com o padrão de “gelo estalado” rodeadas por vasos preciosos floridos e peças de mobiliário.
No outro registo, dois cavaleiros galopam entre densas nuvens azuis, de sabres em punho, em atitude guerreira, enquanto num plano superior são observados, por vários personagens masculinos, semiocultos por um conjunto de cercas e arquiteturas de jardim, semelhantes aos da cena descrita. Em baixo perto de uma ponte, e do que parece ser o acesso do jardim, indiferentes à presença dos guerreiros, as mesmas duas crianças brincam com uma bola, por entre cercas, rodeadas por vasos e mobiliário preciosos. Estes episódios narrativos estão separados entre si na vertical por bandas de ramagens e botões de peónias, simbolicamente ligadas ao tema da beleza feminina e do amor; na horizontal, no ombro, uma cercadura entre dois traços azuis, composta por uma sobreposição de corolas de peónias.
A tampa tem a parede preenchida por duas fiadas de folhas lobuladas e triângulos, que correm desencontradas, tendo entre elas sequências de quatro pequenas flores. No topo, um circulo azul forma um medalhão, onde estão representados alguns objetos, minuciosamente detalhados, do conjunto temático “As Cem Antiguidades”, e dos “Oito Objetos Preciosos”, destacando-se entre eles o vaso com as penas de pavão e o cetro de ruyi, e o losango, símbolos auspiciosos de prosperidade, vitória e sucesso na cultura budista.
Período Kangxi
O Imperador Kangxi foi um dos mais importantes da história da China. O seu reinado de 61 anos (1662 – 1722) foi o mais longo da história chinesa e consolidou o poder da nova dinastia Qing.
No que diz respeito à produção de porcelanas, o período Kangxi foi, ao mesmo tempo, inovador e continuador de diversas técnicas utilizadas em tempos anteriores. Fez-se um grande investimento no centro de fabrico em Jingdezhen, atingindo-se os três mil fornos.
As técnicas de pintura, que se desenvolveram durante a dinastia Ming, alcançaram um grande refinamento técnico no período Kangxi. A par da produção de porcelana “azul e branco”, é criada a Famille Verte (Família Verde), uma paleta composta por verde, vermelho-ferro, amarelo, roxo, juntando-se mais tarde o esmalte azul (c. 1700).
Este período tornou-se numa era de grande esplendor que se prolongou pelos reinados seguintes.
