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PD0089

Prato
Autor: Desconhecido
Centro de Fabrico: China
Data: c.1745-1765 (Dinastia Qing, período de Qianlong)
Material: Porcelana
Dimensões (cm): Ø 57,5
N.º de Inventário: PD0089

Prato de poncheira. A poncheira, de grande dimensão, foi executada em porcelana branca de tom levemente anilado. No covo contém um requintado medalhão com folhas e flores lótus brotando da água. Na parede exterior destacam-se três grandes reservas contendo decoração floral, ladeadas por grandes pétalas de lótus. O covo do prato também se encontra decorado com uma corola integral de lótus e por pétalas.

A pintura da poncheira e do prato levam-nos a incluí-los no grupo de peças que integram a “família rosa”, existindo no Topkapi Saray Museum, em Istambul (Turquia), peças idênticas às aqui apresentadas e datadas de c. 1745-1765 – três taças poncheiras e uma base ou travessa circular.

Nas poncheiras servia-se o ponche, uma bebida usual no século XVIII, o qual era frequentemente feito com uma bebida alcoólica, sumo de frutas e um adoçante, podendo ser servido quente ou frio.

“A Flora nas coleções do Paço”
«A flor-de-lótus Nelumbo nucifera também conhecida por lótus sagrado não faz parte da família Nymphaeaceae dos lótus egípcios, ou nenúfares, extensivamente familiares na Europa. O ocidente veio a familiarizar-se com o lótus sagrado, mais tarde, através das transmissões de motivos ornamentais da rota da seda.

A importância da flor-de-lótus como um símbolo budista, por excelência, fez com que seja uma das flores mais representadas na arte chinesa. Encarna os conceitos da mais elevada pureza e perfeição, por brotar impoluta das águas lamacentas, e serve como modelo aos budistas no entendimento de um saber viver, com integridade e harmonia, no seio das iniquidades do mundo que habitam. A representação da flor com as oito pétalas estilizadas identifica o Nobre Caminho Óctuplo dos ensinamentos budistas.

Sazonalmente, a flor-de-lótus representa o verão, florescendo desde o início de junho até finais de agosto, consequentemente formulando o conceito de maturidade, especialmente quando é acompanhada ainda por outras plantas do estio. No conjunto de outras flores como o crisântemo, flores de Prunus e peónias, cada uma associada a uma época do ano, faz parte da representação do ciclo anual das estações.
[…]
[O] lótus foi proeminente na decoração azul e branca da porcelana, datada a partir do segundo quartel do século XVIII, em vasos shang ping concebidos para o círculo imperial, de forma a que o imperador pudesse incutir nos oficiais da corte o espírito de pureza e incorruptibilidade. Estava implícito no trocadilho da ligação do carácter do lótus lián com o carácter da cor azul qing que o imperador exigia lealdade simbolizada no ato da oferta do vaso ao súbdito. Resta também entender que qing não era só a cor do azul da porcelana como o nome da própria dinastia Qing que se estabeleceu no poder imperial na China desde 1644 até 1912.»
Sasha Assis Lima