Baú
Autor: Desconhecido
Centro de Fabrico: Desconhecido
Data: Século XVIII (?)
Material: Madeira (exótica e pinho) e latão
Dimensões (cm): Alt. 53,8; larg. 91; prof. 46,5
N.º de Inventário: PD0426
A decoração deste baú tem o mar como tema e, para isso, nada melhor que recorrer à mitologia helénica para essa ilustração. O artista inspirou-se na união de Posídon (Neptuno) com Anfitrite (Salássia).
A história representada inicia na tampa: a nereide Anfitrite diverte-se a dançar com as suas irmãs ao som do que parece ser uma trompa, tocada por uma delas, na altura em que Posídon a viu e a quis raptar, o que a obrigou a fugir.
A parede frontal do Baú tem a continuação da história: encontrada por golfinhos, estes conduziram-na ao deus do mar que a desposou. À esquerda da pintura, vê-se Posídon no seu carro, com o tridente na mão esquerda, puxado por quatro cavalos conduzidos por dois tritões. À direita, encontra-se Anfitrite, despida, em cima do seu carro em forma de concha, conduzido por dois golfinhos, cujas rédeas a deusa segura com a mão esquerda.
Na cena, vêem-se, para além dos tritões que seguram os cavalos do Posídon, dois outros, ambos a tocar cada um o seu búzio. Em cada um dos topos do baú, vêem-se dois Eros (Cupidos) a tocarem uma trompa.
Este baú, pelos motivos decorativos que apresenta, indicia ser um baú de noivado, usado para acomodar o enxoval da jovem que se casa. Como tal, era um objeto estimado por sucessivas gerações.
Baús
Uma das formas mais antigas de mobiliário é a arca com tampa de tipo caixa, utilizada para guardar objetos de uso pessoal – roupas, loiças… e mesmo peças de elevado valor como pratas ou joias. A arca e os móveis que dela derivam eram fáceis de mover, sendo por isso escolhidos para o transporte dos bens de um lado para o outro.
Até meados do século XVII a arca foi a principal forma de arrumação, vindo a ser gradualmente substituída, entre outros, por armários e cómodas.
A arca vem a dar origem ao baú. Este difere daquela pela sua tampa em forma de tronco escavado, a qual terá surgido com o objetivo de prevenir a acumulação de água da chuva durante o seu uso no transporte fora de casa.
Instrumentos musicais no objeto
No baú aparecem representados dois tritões a tocar búzio e dois cupidos a tocarem trompa para além da nereida da tampa, de que só se vê a extremidade dum instrumento que se pode supor ser também uma trompa.
O búzio é um instrumento de sopro que teria por função acalmar as ondas. Aos búzios, também se chamam trompas de tritão. Ainda hoje são usadas por índios da Nova Zelândia resultando um som semelhante ao dos chifres de boi usados pelos pastores.
A trompa é um instrumento cujo nome se foi buscar ao italiano e que deriva do grego strómbos que significa concha. Têm origem nos chifres de animais, daí o seu tubo cónico.
