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PD0298

Contador
Autor: Desconhecido
Centro de Fabrico: Desconhecido
Data: Século XVIII (?)
Material: Madeira
Dimensões (cm): Alt. 216; larg. 207,5; prof. 58
N.º de Inventário: PD0298

«Este contador desdobra‐se em dois corpos, em que o superior dispõe de gavetinhas na frente (protegidas por duas portadas) e é sustentado por um corpo inferior, em forma de mesa, por sua vez apoiada sobre doze colunas, seis atrás e seis à frente. Quatro das colunas traseiras (interiores) estão ligadas, constituindo o prolongamento das costas do Contador.

Das seis colunas da frente, duas de cada lado, a sua metade superior mostra duas figuras masculinas, de meio corpo, voltadas uma para a outra. As colunas do meio, niveladas com as figuras dos extremos, apresentam, cada uma delas, uma cabeça barbuda e com chifres na testa. As colunas foram talhadas ao estilo de colunas jónicas.

A decoração do Contador é um trabalho de entalhe na madeira muito criativo, em alto e baixo‐relevo. […] [A] inspiração artística valeu‐se da mitologia grega que se espalha por toda a superfície do móvel, colunas incluídas.»
Eduardo Magalhães

“A Música nas coleções do Paço”
«No centro do friso da balaustrada sobre que assenta o corpo superior do Contador, podem ver‐se quatro cenas diferentes representadas por putti, ladeadas nos extremos por duas figuras a tocarem uma trombeta dobrada.

Numa das cenas, encontra‐se um putto, empunhando na mão esquerda uma pequena trompa metálica e segurando uma lança na mão direita. A figura, nas imediações de um castelo, está em postura de corrida, atrás do seu cão, ambos em perseguição da caça. A trompa, embora curva, pelo seu pequeno tamanho, não enrola em círculo, mais semelhante às primitivas trompas de corno animal. Aqui, naturalmente, a sua função é de sinalizadora quer do caçador quer da própria caça.
[…]
A cena em que o tambor aparece é de ambiente militar, podendo retratar o cerco a uma cidade ou castelo, atendendo à imagem no fundo do plano. O fuste, cilíndrico, é grande, em relação às duas membranas, o que permite uma caixa‐de‐ressonância volumosa a resultar num volume sonoro correspondente. A posição do instrumento em relação ao músico parece invertida, uma vez que, normalmente, era transportado do lado esquerdo e percutido com a mão direita. A mesma inversão se pode observar na espada do soldado a seu lado. Esta inversão pode ter resultado do facto da cena estar gravada em baixo‐relevo, na parte interior da portada direita do contador.

Numa das pinturas bastante conhecidas do pintor holandês Rembrandt van Rijn, o tambor aparece na função de assinalar a passagem da patrulha em vigia nocturna. À semelhança do instrumento do Contador, é um tambor de proporções grandes que permitia sonoridades potentes.»
Eduardo Magalhães