Horário diário: 10:00 - 18:00

PDdep0020

A Parábola das Dez Virgens / Alegoria aos Vícios e Virtudes
Autor: Desconhecido
Centro de Fabrico: Desconhecido
Data: Século XVII (?)
Material: Óleo sobre tela
Dimensões (cm): Alt. 91,2; larg. 121,7
Proprietário: Geosil – Empreendimentos Agrosilvícolas, S.A.
N.º de Inventário: PDdep0020

«Este quadro apresenta a parábola das dez virgens, narrada no capítulo 25 do Evangelho de Mateus. Segundo este evangelista, Cristo comparou o Reino dos Céus a dez virgens que saíram ao encontro do esposo. Cinco delas que ele rotula de “néscias”, caminharam sem óleo para alimentar as candeias, enquanto as outras cinco, as “sensatas”, foram prevenidas com ele. Como o esposo demorasse, adormeceram até ele chegar. Quando isso aconteceu, as sensatas foram até ele com as candeias devidamente acesas e entraram para a sala das núpcias. Às “néscias”, com as candeias apagadas, foi-lhes recusada a entrada. Esta cena é representada no fundo da pintura, em cada um dos lados.

No grande plano da pintura encontram-se as “néscias” em pleno divertimento, podendo representar alguns dos vícios capitais da religião cristã: a soberba, na figura de pé; a preguiça, na figura que dormita na mesa; a gula na figura que bebe e na que come, uma de cada lado da mesa; a luxúria pode ser representada pela figura ao centro, a tocar um alaúde, instrumento também conotado à sedução. As cartas e as máscaras no chão (para além das candeias abandonadas) complementam esta interpretação. Os dois velhos, atrás da cortina, podem representar os que vêm avisar da chegada do esposo.

Em cima da mesa, vê-se um pavão com a cauda “armada”. Por trocarem de penas todos os anos, o cristianismo associou estas aves à ressurreição, logo a Cristo. Os pequenos olhos que enfeitam a cauda, permitem, assim, associar a sua presença a uma vigilância às virgens “néscias”.»
Eduardo Magalhães

“A Música nas coleções do Paço”
«O alaúde é um instrumento musical classificado como “baixo”, ou seja, adequado a tocar em interiores. Foi o instrumento principal da música de salão no período da Baixa Idade Média e do Renascimento, cedendo lugar ao Cravo, no início do século XVII.

Alaúde é um termo árabe que significa literalmente “a madeira”. Vindo do oriente, a sua implantação no ocidente pensa-se ser devida aos cruzados. A configuração difere da guitarra por não ter uma caixa-de-ressonância em forma de “oito”, mas ovalada, o seu braço terminar em ângulo reto, onde estão fixadas as cravelhas e o tampo anterior ser em forma de pera.

Aqui, o alaúde, porque também é associado a instrumento de sedução, está a representar o vício da luxúria, tocado por uma das cinco “virgens” néscias. A “virgem” alaudista, sentada, encontra-se no centro da cena à frente das duas figuras dos velhos que espionam atrás de um cortinado.»
Eduardo Magalhães

Sabia que… a palavra Carnaval pode significar “adeus à carne”?

Existem duas explicações para a origem da palavra… Uma considera que a palavra Carnaval provém da expressão latina carne, vale!, que significa “adeus, carne!”… Outra considera que a palavra chegou ao português, por via francesa, do italiano carnevale, derivada de carnelevare, que significa “rejeitar a carne” e que por sua vez se formou do latim carne(m) levare (suspender ou tirar a carne).

Não se conhece verdadeiramente a origem da festa propriamente dita. Uns defendem o culto de Ísis, outros as festas em honra de Dionísio, na Grécia clássica, e outros as festas a Saturno. Os bailes de máscaras foram criados na França, entre os séculos XVI e XVII, mas rapidamente ficaram populares noutros países europeus. Durante o Renascimento, as festas carnavalescas atingiram uma grande popularidade, principalmente na Itália.

Desde o século XI, o Carnaval é celebrado 40 dias antes da Páscoa, período chamado pela Igreja Católica de Quaresma. Neste sentido, o Carnaval pode simbolizar “adeus à carne” porque se vai entrar num tempo de abstinência da mesma.