Natureza-Morta com Bolos e Barros
Autor: Josefa de Óbidos, atribuída a
Centro de Fabrico: Portugal
Data: c.1670
Material: Óleo sobre tela
Dimensões (cm): Alt. 84,6; larg. 70,5
Proprietário: Palácio Nacional da Ajuda
N.º de Inventário: PNA568 / PNA 66698
Nesta tela aparece representada uma mesa, coberta com toalha preta, e sobre a qual se encontram pousados: uma salva com doces secos e variados, três púcaros produzidos nas olarias do sul de Portugal, um pêssego, flores e pétalas. A disposição destes objetos simboliza um modo de vida passível de reflexão e introspeção.
Esta pintura é atribuída a Josefa de Óbidos (1630-1684). Nascida em Sevilha, em 1630, veio para Portugal, país de seu pai, o pintor Baltazar Gomes Figueira, tendo sido conduzida para o noviciado em Coimbra. Não se adaptando à realidade do convento, instala-se em Óbidos e inicia uma intensa atividade na área da pintura, primeiro, colaborando com seu pai e, depois, autonomamente.
É impossível desligarmos a representação dos alimentos que pinta do simbolismo religioso que lhes anda associado.
Na sua pintura Josefa de Óbidos vai de um nível puramente terreno, com a representação, por exemplo, de peças de barro, passando pelas plantas e flores, os animais e o homem, até atingir um nível mais espiritual no qual aparecem, por exemplo, os anjos. Os objetos que pinta sejam eles profanos ou naturais, são de facto místicos. Portanto, são contemplações de Deus.
Realce-se o fato de ser a única mulher cuja pintura ficou conhecida, numa época em que esta arte era dominada pelos homens. Chegou mesmo a ser retratista da Casa Real Portuguesa.
Tendo sido uma rara exceção à regra, quebrou muitos dos cânones de uma sociedade predominantemente masculina, tendo-se tornado uma pintora excecional do barroco português.
Sabia que… se dá o nome de “salva” a uma bandeja de prata porque esta tinha como propósito salvar do envenenamento?
A palavra “salva” é um substantivo derivado do verbo primitivo salvar e tem vários significados.
Antigamente era comum, ao servir-se uma bebida ao senhor, derramar-se uma pequena porção da bebida numa pequena taça ou pratinho, em geral de ouro ou de prata. O objetivo era que o servo a bebesse, demonstrando assim ao seu senhor que estava salvo de envenenamento. Este cerimonial chamava-se fazer ou tomar a salva. Por isso, essa bandeja recebeu o nome de salva.
Em Roma, Salve! era uma saudação matinal em honra de Salus, a deusa da saúde. Quando se saudava alguém desta forma, pretendia-se dizer “Tenha Saúde!”. Tendo em conta este significado original de saudação, a palavra “salva” passou a designar, em português, o ato de saudar uma personalidade militar ou um conjunto de descargas de fuzilaria ou de artilharia.
Significa também uma ovação com palmas entusiásticas – uma salva de palmas – como forma de saudar, de felicitar alguém.