A Transfiguração
Autor: António Manuel Fonseca
Centro de Fabrico: Itália?
Data: Século XVIII-XIX (cópia de obra de Rafael Sanzio do séc. XVI)
Material: Óleo sobre tela
Dimensões (cm): Alt. 450; larg. 325
Proprietário: Museu Nacional de Arte Antiga
N.º de Inventário: MNAA555
Esta obra está dividida em duas secções horizontalmente distintas, tratando dois episódios dos evangelhos. Na parte superior apresenta-se Cristo transfigurado, ladeado por Moisés e Elias. Veem-se também os apóstolos Pedro, João e Tiago. Estão no cume do Monte Tabor (Galileia) e os discípulos, aterrorizados, atiram-se para o chão.
Na parte inferior, um rapaz enfermo é trazido pelos pais até junto dos discípulos que nada podem fazer. Cristo tornou-se visível na sua forma divina como sendo o único que pode socorrê-lo.
Deste modo, o pintor tenta, através da divisão da tela e dos dois episódios, estabelecer uma ligação. Busca, igualmente, uma separação do Divino e do terreno. Em contraste com o brilho da sobrenaturalidade de Cristo, está a suavidade da alvorada no lado direito da tela e o luar na cena em baixo que, metaforicamente, representa o estado enfermo do rapaz.
António Manuel da Fonseca (1796-1890)
Natural de Lisboa, é um pintor de referência no panorama da pintura neoclássica portuguesa, representativa do Academismo Romano. Produziu uma vasta obra, desenvolvendo, sobretudo, temas da antiguidade greco-romana, retratos de diversas personalidades e cenas históricas, religiosas e mitológicas. Dedicou‑se também, ocasionalmente, à escultura e à litografia.
Foi discípulo de João Tomás da Fonseca, seu pai, de Joaquim Manuel da Rocha (na Aula de Desenho e de Figura e História) e, finalmente, dos italianos Vincenzo Camuccini e Andrea Pozzi, em Roma.
Reproduziu notáveis cópias da “Transfiguração” de Rafael Sanzio e da “Comunhão de S. Jerónimo” de Domenico Zampieri (ambas expostas no Paço dos Duques), entre outras obras de Rafael, Carlo Dolci, Van Dyck, etc.
Foi nomeado professor de Pintura Histórica na Academia de Belas-Artes, alternando a sua longa carreira entre o ensino do neoclassicismo e a pintura decorativa e expondo regularmente na Academia.
António Manuel da Fonseca, muito apreciado e aclamado no seu tempo, alcançou grandes honras ao longo da sua vida, que se estendeu por quase todo o século XIX. Faleceu com 94 anos, em Lisboa, onde residia. Encontra-se sepultado no Cemitério dos Prazeres (Lisboa).