Retrato do Rei D. Luís I
Autor: António Félix da Costa
Centro de Fabrico: Portugal (?)
Data: Século XIX
Material: Óleo sobre tela
Dimensões (cm): Larg. 161; alt. 210
Proprietário: Museu de Aveiro
N.º de Inventário: 19-A
Retrato do Rei D. Luís I a mais de meio corpo. Traja farda militar de gala, com calças brancas, casaco escuro de punhos dourados e botas negras até ao joelho.
O casaco é similar ao traje militar do Marechal General da Armada, o qual só o rei vestia. Tem uma faixa de três cores, lilás, verde e vermelho e traz condecorações. Identifica-se o Colar do Tosão de Ouro e a placa das Três Ordens Militares, Avis, Cristo e Santiago de Compostela.
Aos ombros tem um manto com pele de arminho e o restante tecido em vermelho com desenhos das armas de Portugal.
Na mão direita enluvada, empunha uma espada embainhada e a mão esquerda assenta num livro que diz: CARTA, que está em cima de uma mesa tapada com tecido vermelho. Ao lado do livro parece estar uma almofada com um esboço de uma coroa real.
Rei de Portugal. Segundo filho da rainha D. Maria II e de D. Fernando II, sobe ao trono de Portugal depois da morte do seu irmão D. Pedro V.
A sua educação foi rigorosa, dedicando muito do seu tempo aos estudos. Possuidor de grande sensibilidade artística, pintava, compunha e tocava violoncelo e piano. O gosto pela literatura levaram-no a traduzir obras francesas e inglesas para português (as traduções de obras de Shakespeare foram o seu principal legado).
O seu reinado foi relativamente calmo e marcado pela paz e pelo progresso. A postura que manteve ao longo do reinado refletiu a sua personalidade, moderada e tolerante, respeitando as liberdades públicas e defendendo a integridade do Reino.
No entanto, apesar de ter desempenhado as funções reais com prudência, ocorreram algumas agitações políticas e culturais: “Janeirinha” (contestação popular do agravamento dos impostos), “Saldanhada” (reivindicação militar da demissão do governo e da entrega do poder), “Questão Coimbrã” (polémica literária que marcou a visão da literatura em Portugal na segunda metade do século XIX).
O reinado de D. Luís também ficou marcado por ações de fomento de obras públicas (alargamento da rede viária, desenvolvimento do porto de Leixões, construção de pontes metálicas no rio Douro), pela publicação de obras literárias (ainda hoje consideradas exemplos singulares), pela fundação de novos jornais (Diário de Notícias, Jornal de Notícias, O Primeiro de Janeiro, O Século e Ilustração Portuguesa), por diversos avanços técnicos e científicos, por iniciativas de caráter económico (Exposição Internacional do Porto), por medidas que contribuíram para o progresso moral do país (abolição da escravatura e da pena de morte para crimes civis), pela fundação do Partido Republicano e pelo impulso nas expedições em territórios do continente africano, sobretudo entre Angola e Moçambique (em consequência desta expansão ultramarina surgiu a Conferência de Berlim e, depois, o célebre “mapa cor-de-rosa”).
Faleceu com 51 anos, depois de um longo sofrimento, e está sepultado no Panteão Real da Dinastia de Bragança, no Mosteiro de São Vicente de Fora, em Lisboa.
