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MNAA1523

São Jerónimo
Autor: Desconhecido
Centro de Fabrico: Espanha
Data: Século XVII
Material: Óleo sobre tela
Dimensões (cm): Larg. 110,5; alt. 86,5
Proprietário: Museu Nacional de Arte Antiga
N.º de Inventário: MNAA1523

«Conjuntamente com S. Ambrósio, S. Gregório Magno e S. Agostinho, S. Jerónimo foi um dos quatro primeiros doutores da Igreja, assim chamados pela importância que tiveram na consolidação da doutrina católica e pela literatura teológica produzida.

A S. Jerónimo é atribuída a tradução da Bíblia para latim, conhecida como Vulgata: o Antigo Testamento, traduzido do hebraico e os Evangelhos, do grego. No século XIV, e inspirado na sua vida, o movimento eremita italiano criou várias famílias religiosas à volta do exemplo de vida deste santo. É destas famílias que nasceu a Ordem jerónima em Portugal e Espanha. Deste grupo jerónimo “espanhol”, regressa ao país o português Vasco Martins que encontrou em Penhalonga, Sintra, o lugar ideal para criar o primeiro mosteiro jerónimo português, no ano de 1400 (OLIVEIRA, 2000: 16, 3.º vol.). Em Guimarães, na segunda década do século XVI, o Mosteiro de Santa Marinha da Costa, até aí sob a regra de S. Agostinho, passou a mosteiro jerónimo, vindo para aí estudar o futuro candidato a rei, D. António Prior do Crato e D. Duarte, respetivamente sobrinho e filho de D. João III, ambos por linha bastarda.

À figura de S. Jerónimo está associada uma trombeta tocada por um dos anjos do Apocalipse. Muito discreta, na parte superior direita, a trombeta passa até despercebida. Só é visível a parte da campânula.»
Eduardo Magalhães

São Jerónimo (340/347 d.C – 420 d.C) nasceu Eusebius Hieronymus Sophronius, em Stridon, na Dalmácia (atual Croácia). Descendente de família abastada, culta e cristã, desfrutou de uma juventude aventureira, antes de ir para Roma estudar os clássicos e a arte retórica e de viajar pela Gália e pela Alemanha. Dominava fluentemente o latim, o grego e o hebraico.

Por volta de 365 d.C, foi batizado pelo papa Libério. Posteriormente, rumou em peregrinação à Terra Santa, retirando-se para o deserto da Síria, onde viveu como eremita.

Em 373 d.C, durante o caminho para Antioquia (na atual Turquia), terá, segundo a lenda, retirado um espinho da pata de um leão, animal que se diz ter ficado seu fiel companheiro.

Por volta de 386 d.C, São Jerónimo saiu de Roma e foi viver definitivamente para Belém, onde permaneceu como monge penitente e estudioso, continuando as traduções bíblicas até falecer.

São Jerónimo faleceu, com cerca de 80 anos, de causas naturais e foi sepultado sob a Igreja da Natividade (Belém). Mais tarde, as suas relíquias foram transferidas para Santa Maria Maior, em Roma.

Tradicionalmente, São Jerónimo é representado no deserto ou no seu estúdio, acompanhado por um leão, muitas vezes com vestes e chapéu vermelhos de cardeal, normalmente a escrever com uma pena; por vezes é representado, também, com barba branca, com uma caveira e uma cruz, com a acima referida trombeta ou com uma pedra. É o santo padroeiro de todos os que se dedicam ao estudo da Bíblia, dos tradutores, dos arqueólogos, dos arquivistas, dos bibliotecários e dos estudantes.