Salão dos Passos Perdidos
Desde a abertura do Paço dos Duques ao público que este grande espaço é designado como Salão dos Passos Perdidos. No entanto, na sua origem, não sabemos exatamente como seria. Nesta área, apenas o piso térreo chegou ao século XX.
Durante a requalificação arquitetónica do Paço dos Duques – realizada entre 1937 e 1959 – optou-se por acrescentar mais dois andares ao piso térreo, dando, deste modo, origem ao Salão dos Passos Perdidos tal como atualmente a conhecemos.
Aqui se expõem peças de diversos tipos: têxtil, pintura, mobiliário, cerâmica, metais…
O olhar do visitante é imediatamente atraído por duas enormes tapeçarias, de uma série de quatro, conhecidas como “Tapeçarias de Pastrana”. A designação fica a dever-se ao facto de serem cópias únicas das tapeçarias do último quartel do século XV que se encontram no Museo Parroquial de Tapices de Pastrana, em Espanha.
Esta série narra a conquista no norte de África – em 1471 – da praça de Arzila (três tapeçarias) e a tomada de Tânger (uma tapeçaria), decorridas durante o reinado de D. Afonso V. Terá sido uma encomenda régia feita a um dos centros manufatureiros da Flandres (Tournai, Bélgica), no terceiro quartel do século XV? Acredita-se «que as tapeçarias tivessem levado entre três a cinco anos de trabalho em quatro teares operando em simultâneo com dezasseis a 20 tapeceiros» (Maria Antónia Quina). É uma obra única no género, na Europa e no mundo, retratando com rigor histórico os acontecimentos bélicos ocorridos, os quais são, também, comprovados pela documentação.<
O mobiliário está representado por vários bufetes em madeira de castanho, datados dos séculos XVI e XVII. Podem também observar-se vários contadores indo-portugueses em madeira de teca com embutidos de ébano e marfim, pregaria e ferragens, datados do século XVII. O termo “indo-português” vem sendo utilizado para designar as peças realizadas entre os séculos XVI e XVIII, no contexto do relacionamento entre Portugal e a Índia. Hoje, há quem prefira usar o termo “produção indiana de exportação para o mercado português”.
Do conjunto de porcelanas expostas nesta sala permitimo-nos destacar dois potes com tampas, de grandes dimensões, executados ao torno, feitos em porcelana branca policromada nas cores azul cobalto, verde, amarelo, sépia e ouro, sendo a decoração de temática europeia. Dentro de reserva o brasão de armas do encomendante – Sampaio e Melo. São peças provenientes da China, datadas da Dinastia Qing, período Kangxi, produzidas entre 1700-1720.
Num dos cantos desta sala, encontra-se exposto um atril (ou facistol) em ferro, ou seja, um suporte para pousar livros, sobre o qual se encontra um Livro de Cantochão (ou Kirial Misto).