Aquário de Porcelana Chinesa com Decoração Bianco Sopra Bianco
Autor: Desconhecido
Centro de Fabrico: China
Data: c. 1740-1750 (Dinastia Qing, período de Qianlong)
Material: Porcelana e metal
Dimensões (cm): Alt. 42; Larg. 60
N.º de Inventário: PD0473

Este notável aquário apresenta uma decoração elegante, distribuída em registos horizontais, cuidadosamente separados por traços dourados. A técnica utilizada, conhecida como bianco sopra bianco — de origem italiana e datada do século XVI — confere à superfície um subtil efeito “adamascado”, enriquecendo a peça com uma sofisticação visual discreta.

A ornamentação exterior é composta por uma profusão de elementos naturais e simbólicos, onde se destacam flores de lótus, peónias, folhagens estilizadas, grinaldas de trifólios e enrolamentos com cabeças de ruyi douradas, associadas tradicionalmente a bons augúrios na cultura chinesa.

No seu interior, podem ser contempladas cinco carpas de grande dimensão, pintadas em tons de vermelho ferro e cinzento, nadando entre algas ondulantes e flores aquáticas. As carpas, símbolo de perseverança, prosperidade e força, reforçam o significado auspicioso desta peça, ilustrando assim, o cruzamento de influências artísticas e técnicas, bem como a importância estética e simbólica atribuída ao mundo natural no seio da cultura imperial chinesa.

Uma Nova Vida para o Património
Este Aquário é um verdadeiro testemunho de um passado rico e complexo. O tempo deixou marcas visíveis, com fragilidades estruturais, desgaste da superfície e lacunas materiais sendo necessário ser submetido a uma intervenção de restauro.

Os trabalhos foram realizados pela técnica Dra. Helena Cardoso do Património Cultural, IP, e teve como objetivo preservar a integridade da obra e garantir a sua leitura estética e histórica, respeitando os princípios da mínima intervenção, reversibilidade e distinção entre o original e o restaurado.

Durante o processo, foram aplicadas técnicas específicas, numa fase inicial, realizou-se uma limpeza das superfícies de modo a remover sujidades depositadas, de seguida procedeu-se à colagem dos fragmentos com resina epóxida de forma a garantir que a peça, devido ao seu volume e peso, se mantenha estável. Posteriormente, colmataram-se as lacunas ao nível de suporte e a integração de réplicas das pegas metálicas. Por fim, tratou-se das reintegrações cromáticas e da proteção da peça com aplicação de verniz acrílico. Todo este processo foi cuidadosamente documentado. O restauro revelou pormenores que estavam ocultos e permitiu uma nova aproximação à peça, tanto do ponto de vista técnico como simbólico.

Apresentamo-la agora como um elo entre passado e presente — um exemplo de como a conservação do património nos ajuda a manter viva a memória coletiva.